Sem palavras, meu coração de ar me sufoca para me fazer respirar. Respirar é ausência que não reduz o tempo. O tempo respira momentos perdidos de morte até a vida cessar. O tempo une vida e morte, separando o ser do ser. A tristeza do infinito fica a boiar na minha alma. O céu, no derradeiro céu, clama por Deus. Nada é compacto sem solidão das asas do mundo. A morte parada, sem ação, é reação da vida. Vida, foste a minha morte, a minha verdade. A morte é um lugar vazio sem paz. Nada se faz de morte. Eu criando eternidades, poesias evaporam em eternidades perdidas dentro do meu corpo. Meu corpo é miragem da alma. Ler a alma, para morrer na falta de alma, desabotoa a alma em poesia. Chove poesia. A alma é um precipício. Poesia é despontar sem viver. Do aparecer nasce a alma. A palavra me faz um ser, um ser para todas as poesias. Palavra não é um sentimento, é solidão. Solidão de mundo, de céu, de desarmonia. O mundo é triste apenas se sorrir. Sorrir entristece até a calma da alma. Não existe motivo para viver. Alma, dê-me motivo para viver. De céu em céu, não parti. O ser em si mesmo fica preso na morte, sem morrer.
