A saudade é a nadificação do nada, onde não posso ser amor. Fiz da saudade falta de mim. Essa falta de mim se fez amor. O instante nunca se perde em vida. Cada instante é uma vida repleta de amor. Um dia serei todo esse amor? O que é um amor vivo? É identificação de uma vida, é querer ser eterna. Aperto a alma no nada, ressuscito a alma matando-a. O prazer da vida de ser só é o nada. O ser é inútil na vida por ele mesmo. Eu vi um olhar que me cega. É o olhar do futuro, do destino maior, da morte, da inibição de morrer, sem nada conseguir falar, nem mesmo com os olhos. Esta apatia é o nada. Sorrir em meio ao nada é ser real. Reprimi o que me faz real. Sonhar é nunca perder o sonho, nunca o esquecer. Eu me dividi em sonhos. A exaustão é sonhar. Deixo os sonhos em mim. Amar é ir sempre. Não há alma que capte os sonhos. O céu não se sente. O ser não tem consciência de nada, tem o nada. A consciência liberta o nada, não o ser. Sou o nada, sinto-me ser. Longe da alma, de mim, estou perto apenas da morte.
