Blog da Liz de Sá Cavalcante

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Vida, deixei minha alma vazia para que viva nela. Ver as coisas lhe dá vida. Ver o ser lhe tira a vida dentro do outro ser. A vida do ser é um outro ser da dor. O nada nunca parte, nem pela vida, nem pela morte, nem pela ausência, nem pelo ser. O nada ampara Deus. Deus é uma forma de me escutar e escutar Deus. A vida é surda de dor. A surdez cessa a solidão. A morte não me orienta, mas ensino a morte a não ser mais morte. É difícil morrer na morte. É fácil morrer na linguagem da morte. A morte diz coisas únicas, raras. Tudo depende de ver a morte para ela não ter significado. Ver é o impossível de morrer. Ver é a escrita do amor. Um pouco de morte não é ruim. Faz ter essência, amor. Apenas uma coisa a morte não pode me tirar: tudo que escrevi em vida. O sonho em vida é morte morrendo. O sonho não desiste de ser sonho, concretiza-se sonhando com ar de sonhos. O corpo é metade real, metade sonho, mas nunca é vida. A paz é o anonimato do sonho. Por que preciso sonhar? Para ser eu. Nunca serei eu no sonho, mas eu sonho com o meu rosto em mim. A alegria é um desmoronar de eternidade.