A vida me ensinou apenas a amar, não a viver. Não sei o que fazer com o amor. Ele é sublime, sagrado. Se eu tocar nele, morrerei. Morrendo, posso tocar o amor sagrado. O amor comum é a solidão do ser. O amor sagrado é o amor vivo, universal. A pele se rasga de amor. A memória da pele é minha eternidade, é mais que pele, é o arrependimento de Deus. Deus é minha pele. Sinto dores, embora não as reconheço em mim. Olho para Deus e nada mais importa. Deus não sonha, Ele é. Esmago meu ser para sentir amor. Dilacero-me de amor. Não importa a falta, a vida, se ainda sou eu. Tudo é declínio da maturidade. O Sol é a imaturidade de Deus. Merecemos apenas escuridão. A escuridão é alma de Deus. Nunca fui nada na alma de Deus, até que senti sua presença. O ser não entende a alma livre. O livre é como ficar sem mim. Ser livre sem a alma é não ter céu em mim. A liberdade do céu é uma poesia enterrada em mim. Sem liberdade enterro a vida, o céu, as estrelas e salvo a poesia. Deixar Deus ser Deus é a mudez do infinito. Deus fala por mim. Minha mudança de vida é nunca falar com Deus, apenas amá-lo. Isto é adoração. Vou à morte, do princípio ao fim, para não morrer. O psicológico do ser é uma forma de não viver. Viver mais, cada vez mais, para poder viver como devo viver. Terei a vida no viver, sem viver. Viver é partir com o respirar. Nada é só por partir.
