Na sombra do nascer, nasce meu olhar para eu nascer de mim. O olhar vem antes de mim se eu nascer dele. O olhar nasce de mim como poesia. O renascer é apenas nunca nascer e dá sensação falsa de plenitude, de vida. A morte é uma necessidade fisiológica de sentir o corpo inteiro, da forma que ele deve ser amado. No céu, o corpo é espírito. Sei mais do céu do que de mim. Sei sonhar, não sei de mim. Quero viver. O que significa significar? A vida como ser. A dor é maior do que o Universo, menor do que a alegria. Viver de novo é fazer do Universo uma alegria. Amo sem conhecer o amor. O amor é como sentir o vento, o ar, a ausência. Nada resta. A falta do nada é o restar de mim no nada, no amor. A consciência do corpo, a transcendência surge como corpo que dá sentido à transcendência. Transcender é me queimar por dentro e sentir apenas o prazer do interior. A crise do transcender é o próprio ser. O ser não se faz transcendente, fica transcendente. O ar transcende no espaço distante do mundo. Essa distância refaz a vida, não morre com o corpo e se entrega ao fim com consciência em Deus. Mas Deus fez do fim uma consciência individual. Pratico o fim, não pratico a consciência no fim da consciência. A consciência é como não desaparecer sem consciência. O olhar cessa, dá continuidade à vida. Nada devia ter um olhar. O sempre é um olhar sem eternidade. Manter a alma eterna é difícil, raro.
