Não tenho medo da vida. Tenho medo de mim, da estranheza de ser, viver. Morrer é natural, como chover em mim. Eu dou a vida para sentir medo, para não ficar entediada. Deus é o mesmo na vida ou na morte. Nada possuímos além de Deus. Deixar o corpo não ser meu e ir e voltar sempre ao nada. Deus não está procurando a vida que criou. Ele tem fé. Fé no ser é falta de Deus. O tempo é o soluçar de Deus em mim. A solidão não tem cor, mas Deus é a cor do abandono, pintado de tristeza, e nada sente em vão. Decidir não me deixar, buscar eternidades, viver de eternidades, é a luz do amanhecer a me envolver. Nada quis. Tudo vivo.
