Blog da Liz de Sá Cavalcante

Não sentir

A alma entalada no coração sem ausências, o coração fica ausente com a alma. Não sei o que é sentir. Sei apenas o que é sentir ausente do sentir. É como sentir eternamente. Não sei sentir sem ausência. A vida se encarrega do não sentir, se eu precisar sentir. A ausência quer apenas ausência. A ausência de um olhar é a alma, mas a alma, sem um olhar, não é alma. Alma é a visão do mundo sem a alma. Sai alma da minha pele, mas não entra alma na pele. A dor da alma é o nada como ser. O fim não tem essência, tem ser. Às vezes não sinto nem a ausência, para o tempo se desfazer em alma inexistente, presença mais forte que a da alma. A consciência da alma é a falta sendo pela consciência do amor. A consciência é apenas o vulto do ser. A opacidade da vida é a transparência da alma. A vida cessa na consciência, consciente de não ser. Reinvento o nada. A liberdade do outro é a morte na qual reinvento-me eternamente, no amor da liberdade do outro. Liberdade sem vida é mais liberdade ainda.