Faço-me só como o rodopiar da vida. Somente o nada sorri em mim: é o meu rosto à beira de mim. A renúncia é a perda do nada. Precisa me ver como me vejo. A saturação nega sua paz em um esgotamento eterno. Chamo isso de ter alma. Sou o esgotar sem alma. Não vou dar à alma o meu esgotar. É precioso, essencial me esgotar na alma, para não chorar por mim. O tempo é um chorar eterno. O tempo é esquecer a alma na inexistência do nada. Se o tempo existe apenas na inexistência, é porque preciso do tempo para ser a minha inexistência. O céu no mar é a inexistência de Deus. Deus é a força de um amor incomum, onde preciso ser eu em Deus. O amor é Deus. Tudo é um túmulo de dores. Eu tenho apenas a dor da vida. Entre mim e eu, a vida. Toda a vida é um relaxar na dor. Se eu nada amar, isenta do nada, é como o desaparecer dentro de mim, não em mim.
