A primavera é um inverno interno de ideias, expectativas. O Sol vai contra o vento, contra o céu. O último suspiro é a vida. Nada se torna Sol. O Sol nasce Sol. Antes mesmo de nascer, já era Sol. Nascer de novo é sem Sol. Nada se sonha sem Sol, nada se ama sem Sol. Amanhecer é a inessência do Sol, sem a solidão do Sol, de viver. Vivo o que me separa do real e sou feliz. Nada contém a solidão, por isso preciso falar. A solidão é o mundo, o interior, única companhia eterna. Primavera em almas absorvem-me. Tudo se constrói na desconstrução. Nada tem o amanhã, nem a sua falta. Morri como primavera. Eu sou meu espírito quando morro. Sonhar me custa a vida. Nada é esquecido no esquecer, apenas a branquitude da imagem, em um céu sem imagem.
