Blog da Liz de Sá Cavalcante

O sonho do amanhecer

O real não é real de si mesmo. O real é mais real que a realidade. Meu corpo é real apenas em si mesmo, não em mim. O Sol é a realidade da vida; eu sou a realidade da vida. Rever o olhar na fisionomia do nada; transferir meu rosto para a fisionomia do nada. Transferir meu amor para o nada faz-me viver, torna a alegria infinita, pois é uma maneira de não estar só comigo na morte, que não afunda a vida, dá-lhe a estabilidade. A instabilidade é a estabilidade da minha voz no eco do silêncio, que ressoa nas palavras. Estou presa às palavras, onde consigo viver. Nada diminui o silêncio, nem as palavras. Cansei de palavras. Quero amor, sem palavras, no além das palavras. O sonho do amanhecer são apenas palavras.