Na hora de sua morte não tenho medo, mas tenho alma para me acalmar. Quase distante da morte, como se fosse em mim. A morte é um passo adiante, que pode parecer distante, mas não é. Apenas o meu coração está distante de mim. Não quero a convivência, a clausura. Quero ser eu. A vida faz durar a poesia, degenera-me como se eu tivesse apenas um raio de Sol nesta morte, para que a imagem desapareça longe da exuberância do céu. O céu não isola Deus. Deus se isola de si. O sofrer nasce sem Deus, não necessita de si para nada. Deus é tão bom, que vê apenas a sua bondade. Fiz com que eu mesma não acreditasse em mim para acreditar em Deus. O nada também é Deus. A calma da morte violenta-me com amor. Tenho mais medo do nada do que da morte. Ninguém deixa a morte ser o que é: a generosidade do fim de não começar pelo fim. Há mais fim no começo do que no fim. O fim não é um começo, é o Sol a nascer para mim de maneira especial.
