A morte sente-me onde desapareço. É o ser do ser ao agir como morte, fim do adeus, fim do que continua em mim. Como morte, o céu é o ver sem ver, sonâmbulo de amor. O desespero, única saída para a vida. O não ver é o meu mundo noutro mundo interior. O interior é incomunicável. O interior é uma lágrima onde não sobrevive a minha dor, não se faz dor, mas se faz nós, sem mim, sem você. É triste nunca chorar, apenas para ser eu. Choro sem mim. Escuta minha inexistência como um retorno à vida. Nada te torna o que sou. A vida é paz mortal, que me desafia todo dia a ter consciência de mim. A consciência de mim fora do meu corpo é luz da alma, que acende a morte no que sou capaz de morrer. Dou à vida uma outra vida, distante de mim; salvo a vida que me mata. Não descanso. Durmo eternamente como se eu pudesse amar minhas palavras. Deixo-as sós, em mim.
