Curvo-me na morte, prostro-me nela sem pensar na vida. Ser eu na morte é a mansidão dos instantes. É o retorno sem esperança. Na minha estrela, sou a sua eternidade. Fazer dessa estrela minha existência ser. O ser da alma é inútil. Tudo tem fim no ser da alma. Sem alma, sou eterna no suspender do Universo. Acima de Deus está o nada, onde alguns esquecem de Deus ao lembrar do nada. Lembrar do nada é a existência que fala na sua incompletude. A falta de lembrar do nada é a beleza do silêncio na vida, sem o existir do nada. Existir é a paz de um corpo doente, da alma na pele, sem pele. O nada na pele é a eternidade. O corpo é a pele subterrânea de um adeus ao nada na pele, na ausência. A presença é o vazio da pele que espreme a vida. Não há vazio na vida, há falta de ser. Se minha pele é minha única realidade, sinto-me irreal, em uma pele costurada pelo vazio sem pele. O vazio da pele é minha morte, uma morte em pele. Quando a morte é o espelho da pele, a morte não é pele, é nada a me faltar. O tempo é a vida que resta em mim. O silêncio retorna como eternidade. A eternidade do Sol é o anoitecer. Escrever é o falso amanhecer: o isolar de mim. Deixo o Sol nascer sem amanhecer.