Deixar de ser pelas mãos dizíveis. Ressuscitar minhas mãos em palavras indizíveis no tempo por haver o tempo. O nada ausente é luz do nada. Tua ausência na minha responde ao sonho. Mãos falam ao me tocar. Elas são o amor do meu corpo por mim. Minhas mãos são a certeza que morri, além das mãos que me tocam. As mãos inspiram-se na falta de tocar e fluem no tocar. O nada é para não me ausentar dos meus olhos. O pensar necessita não ver. O nada torna o real um sonho. Sonhar é ir além do real. O real não é Deus. O irreal não é Deus. Deus é o encontro do real no irreal, onde o irreal das minhas mãos desaparece na irrealidade da morte para criar a falta de ser na vida. Mãos dominam minha inexperiência na falta do corpo: não é alma. O corpo clareia a alma. Sem alma, amo viver. O nada é a liberdade de ser sem mãos. Existir, viver é pesado nas minhas mãos; leve nas mãos de Deus. As mãos cessam as agressões da vida. Nem o céu, nem o mar dão um fim à vida. Um sopro de luz chora ao vento. A espera é Deus. O céu são gotas de Deus nas minhas lágrimas. O céu é mais lindo quando estou nele. Ao tocar a morte senti a eternidade. Ninguém tem a eternidade de um olhar perdido. O nada é meu ser e eu. Meu ser e eu não somos o nada. As mãos falam no indizível, na pele crua, no sono eterno.