Blog da Liz de Sá Cavalcante

O outro eu

O outro eu em mim é a minha morte. O eu não acontece. O outro eu é o não acontecer. A minha dor é o meu eu. A ausência é o limite entre o céu e o mundo, o dormir e o despertar. Não sei se estou desperta, sei que não sinto ausência. Cada vez que olho para o céu, sinto-me perto de mim. Essa proximidade não depende da vida, da morte. Essa proximidade sou eu. Agora sou eu em mim; falta o outro eu para eu continuar sendo. Se não houver amanhecer, não sinto falta. A falta não era da vida, era minha. Agradeço as faltas. Quando não podia viver, tinha apenas as minhas faltas. Nunca fiquei sem nada: isto é ser eu. Ser eu enquanto eu me quiser. Necessito ainda ser eu. Tenho muito amor a compartilhar, aprender com o amor, ensinar o amor. Esta é a diferença entre viver e morrer.