Blog da Liz de Sá Cavalcante

Carência do nada

A carência do nada cessa na morte. A alma é o rezar da morte. A vida é o ser. A alma é feita de ser. A alma não percebe a parte. A existência é a percepção da alma na morte. O tempo é a ilusão de morte. O corpo não descansa na morte. Eu não temo as ilusões. A ilusão cessa a si mesma. Renuncio o nada em vida. Sou fiel ao amor, às perdas, às ausências. Apenas a ausência pode me encontrar. Eu não a encontro. A vida é a poesia nunca escrita. Sopro o sonho no ar do devaneio. Sentir na alma o carinho da carência para não ser só. A carência me cura e eu curo a carência. Deus, não é um obstáculo a vencer: é a carência do nada que é tudo que existe. Vida é o contrário de ser. Se há o tempo, não há vida. O tempo sem a vida é poesia. Poesia é um desencontro de almas. O nada não quer um corpo, quer amor. O amor é o universo. O universo são fragmentos de ser na humanidade. Me sentir um nada é amor ao nada. O nada é a visão do mundo, do céu, de Deus. A visão do meu ser é limitada, não ver o nada, ver a mim. Nem o céu, nem as estrelas, possuem o nada. A escuridão me une a luz. Não posso fazer força com a alma nem me mexer. Na solidão, sei que tudo é real. O amor cessa o real. O real tem nome: ser.