Blog da Liz de Sá Cavalcante

O nada é amor

Para afastar o olhar, preciso perder a alma como um recomeço de mim, para o amor ser nada. O vácuo, tudo contém no vazio, minha única esperança de não ser vazia no amor. Sou lenta no amor, demoro para lembrar como sou amada. O amor é sem alegrias. Mas é paz. O olhar resgata a alma no abismo do sol. O nada é amor, mesmo sem o sol. O abismo é uma canção de amor, a escuto sem estar dentro dela. O corpo se incorpora na morte. A morte se incorpora no corpo na falta de um adeus. O equilíbrio entre o céu e o mundo é o amor. Vida não pode me fazer viver. Nada é lembrança ou esquecimento, é apenas vazio, impenetrável, desolador: é a morte sem morte, como um sol de nada do nada. Se eu tivesse esse sol, seria escuridão. O sol da morte desperta a solidão sem o vazio de mim. O amor é a despedida da alma, na vida do amor. A despedida é um corpo sem adeus fazer viver, é a falta de mim dentro do meu corpo para que eu possa sentir essa falta de adeus.