A injustiça da vida é a justiça de morrer. Segui meu olhar com a minha morte. Nada vai atrapalhar eu morrer. Deixo-me levar pela morte. Ofereço-me à minha poesia, para não morrer. Represento-me na morte. Morrer é simples: é deixar de ser. A vida sem imaginação é morrer na concretude da imaginação. Sinto o ar como o outro sem respirar. Beijos se suplicam, sem beijos. A alma ressoa beijada, mas foi esquecida, cessou no beijo. Desmorona em silêncio, como cura, como um bálsamo. O sentir é a falta que faço a falta. A falta é a alma, as estrelas, é a luz no olhar do nada. É o céu na angústia do nada. Sorrir é sol, energia, é saber viver. É o nada. O nada é a loucura. A loucura é um respirar ausente. A angústia de respirar é viver. Viver é o sempre que acaba no sempre do ser.