Blog da Liz de Sá Cavalcante

A abstinência da abstinência

Amei o precipício até o meu fim, para deixar de amá-lo com meu espírito a abraçar minhas cinzas. Não sei o que é real em mim. Toca-me no irreal da vida e não vai mais desaparecer sem morrer de tanto amor. Se o amanhecer fosse pele, eu seria feliz, entrando na pele da alegria do amanhecer. Para amanhecer, preciso estar livre da pele. Sem a pele não há adeus que resista ao meu amor. Amo, mas sei o que é o amor?! O que falta ao amor para ser amor? Falta apenas pele. A pele faz falta ao amor como o sol faz que não amanheça o dia. Há dias que me sinto morta, parece que não vivi, mas é apenas falta da minha pele, onde me sinto ainda com pele. A abstinência é a pele que falta em mim.