Em pele me aconchego sem o nada de mim: é morrer como se até a pele ficasse vazia. Vejo-me sem me ver. Meu corpo recebe a alma como se fosse eu. A vida nada faz por mim. O corpo é a idealização de ser. Morrer é visceral. Estou presa ao nada. Vou abrir a morte, saber que existe algo dentro dela, que eu possa aproveitar. Se considero perdido, meu ser não está perdido na morte. A morte são os vivos. A inexatidão dos sentidos é o amor. A inexatidão dos sentidos é o amor. Se o amor acaba, a vida não acaba. A morte é inexpugnável, vencida por si mesma. Ser é morrer. A pele é a sanidade da sua própria neurose. Não posso me ver como me vê. Não sei se me importo em morrer, ser a pele de alguém: é mais maravilhoso que viver. Não posso ser a minha própria pele. Me rasgo sem pele. A pele da alma é a morte.