A existência é um interior massacrado de morte. Por te ver a existência cessa, dá lugar ao amor. O interior de mim é o tempo de Deus, não preciso de tempo para viver. Viver é sem Deus. Sonhar é tocar sem o nada. Deixa o sonho no intocável de mim para ser um sonho. Não há espaço entre a morte e eu. Morri sem espaço. O acontecer é um buraco fundo, para eu caber dentro. É cabendo nos buracos que vou vivendo. Os buracos, as faltas, são vida quando se tornam abismo, cratera. O nada é a falta da falta, de buraco, de morte é o vazio sem angústia. O nada vê em mim o que não sou. O deserto é sem saudade. Está tão deserto em mim que vejo na claridade luz, esperança. Esperança é escuridão. A sensibilidade é sem interior, sem adeus. O adeus é a vida sem falta nos furos do céu. Morte é um não adeus vivido como adeus. Ninguém diz adeus ao que tem, diz adeus ao que não tem.