Lembrei-me de esquecer, supondo a vida, o céu, as estrelas, as ausências, tão amigas, fiel a mim. Apenas a ausência me escuta. Crio o nada para me manter viva. Morte, sai de mim: tenho que conquistar meu corpo, minha alma, em vida. O benefício da morte é nunca a alma ser um adeus. Para ver não é preciso imagem. Imagem é o que tenho dentro de mim. A alma é o exterior do meu interior. Eu não crio a imaginação. Ela me cria sem cor, sem estabilidade. O ranger dos dentes é a fala de um adeus. Nada se fala sem adeus? Por isso, o silêncio? Penetrar no vazio é ter a segurança de ser feliz. Ao morrer, vi que essa alegria é eterna, não é mais vazia, é fazer da alma a vida da inexistência sendo feliz. A alegria das almas não nascidas é o não nascer na eternidade do amor, sem o vazio de nascer. Procurar o vazio no abismo de mim é não o encontrar.