Percebi como sou pouca coisa, na minha visibilidade. Tudo é visível sem existir. O nada encanta a alma. Falta muito para a alma ser o nada: é como um céu sem sol. O céu renasce no nascer eterno. Nada é o fim na existência do fim. O ser sofre com ou sem fim. Deixar a alma no nada de mim é sofrer com a solidão: é ser a verdade eterna da vida. Ninguém se importa mais com a verdade, apenas com existir. Existir não existe sem verdade. Mas quem percebe que necessita da verdade? Eu percebo a verdade encolhe as dúvidas por dentro de mim. Te quero como quero a morte: não posso nada querer. O equilíbrio emocional é morrer. Não falar quando amo é respeitar o universo. É não sentir o amor sentido. A privação de vida é sem a negação de ser. O sentido da fala é ser no não ser, no nunca mais do ser. O nunca mais do ser é amor, é abandonar o nada, como se me abandonasse. Entranhas no pensamento. Nada no ser é pensamento. Ser são entranhas emendadas numa alegria impensada, mas não deixa de ser pensamento. O sonhar é uma alegria contida na ilusão. Se a ilusão fossem minhas entranhas, haveria eternidade, mesmo ela sendo um sonho. Sonhar é ultrapassar o viver para não regredir ao viver. Escapar de um sonho é sonhar ainda mais, perfeitamente só, como uma multidão de nadas, em busca de um único ser. Parece bom viver na escuridão, na falta de um abismo. Assim, a desilusão é uma vitória dos sábios.