Nada é o nada que existe em mim, senão não existiria. A sombra do nada é a percepção da vida como simples sensação. O céu separa a alma de Deus. Deus está dentro do ser. A fala do adeus escuto sem morrer. Minha alma existe como o que acabou sem nunca ser. Intenção não é objetiva, é morrer na vida do sonho. Nada fiz da alma, ela me torna melhor do que eu. O sorrir é a resignação do nada sem a minha vida. Procuro a luz do nada, ela existe apenas no meu olhar. O nada é o sonho do sonho. Deixar a alma sorrir é viver o sonho não sonhado. Às vezes é melhor ser do que sonhar. O ser é o sonho do sonho. Imaginar o sonho é cessar o sonho pelo imaginário. Sofrer é sem consequência. Nem a morte é consequência de sofrer. Nada demais em morrer: morrer é viver o outro em mim: esse é o encantamento da morte. A morte é o desinteresse do amor. Meu amor é frágil, pequeno, como a vida: por isso, estou pronta para morrer, como o céu tem que amanhecer. O olhar não amanhece. O tempo se escreve na vida. Como devolver o tempo para o tempo? Trabalhando a morte, a torno melhor: nunca é melhor em mim. Somente se sofre de ausência sem ausência. Ausência é o nascer, úmido no seco de amar. Ausência é orgulho de viver na vida. O orgulho de viver é a vida sem vida. Se a vida existisse apenas em mim, não saberia ser ausente de mim sem morrer de mim mesma. Nunca serei a vida. A vida pode me usar. Viverei todas as almas, vidas. Terei todos os sonhos. As flores sonham no despetalar da eternidade. O riso, o choro são eternos sem o ser. O olhar é a segurança da alma. Nem o céu, nem as estrelas têm o meu olhar de poesia.