Blog da Liz de Sá Cavalcante

Reviver

Do frio de ter alguém, surge em mim a percepção de ser só. Não consigo ser um pouco eu, sonho ser eu. Quem nasce tem uma lembrança: de ter nascido. Morte se entrega a mim. Reviver a morte é desvendar o mar. Mar mergulha em mim. O sonho é um olhar eterno. Como me vê em mim, se ver é morrer? O sonho cessa no viver. O sopro do infinito é a vida. O morrer do infinito é a vida. O infinito existe na vida sem o ser, e é todo o ser. A alma irreal como a brisa no meu coração, que sinto como se fosse real. Não é mais real do que te perder. Perder a alma é a única sensação de viver, que me faz pensar em mim como alma. O sol invade a alma, além do espelho da vida. O olhar traz a alma pra vida no inesquecível de mim: a minha morte. Parar de ver é morrer internamente perto de mim, não preciso do meu interior. O interior é sonho. Nada é o nada. Quando a consciência se torna independente, não precisa da vida para ser consciência da consciência. A alma não tem identidade. O sol é sem mundo. Mãos protegem a alma na poesia do amanhã. Mãos não confortam a alma. Minhas mãos são luas de sol no infinito de morrer. A saudade do nada desatou minhas mãos no morrer. As mãos são o vazio do corpo. Morri de corpo e alma. Amor é encontrar o dia em todos os dias. A morte morre de mim. Consagrar a morte pelo amor que ela me deu e viver de morte.