Blog da Liz de Sá Cavalcante

Intuição cega

Vi o ver sem ver a vida. A vida é a sensação como percepção sinto a morte no não saber de mim. O não ver é percepção, ver é sensação. O tempo é o que fiz da vida. A ausência é o que fiz no sentir da vida. Sinto tua ausência no meu corpo, não em mim. O céu é minha presença no mundo. Dormir é o fim do infinito e o começo do fim, permanência das lágrimas onde pousa o nada. Choro o nada, permanência é uma forma de realidade. Primeiro permaneço, torno-me real para morrer. O espírito é a igualdade dos seres em busca da desigualdade: a alma. O infinito está nas dúvidas da vida. A única certeza é o fim. O fim é o nascer da vida, no que me aproxima do fim, como uma forma de não perder a morte. Morri para silenciar a vida do destino. Morrer é dar razão ao nada: que a morte não devia existir. Ausências são razões absolutas. Ausência é o desespero do nada ao se acostumar com o tempo que lhe resta. O sol no horizonte que se vê no sol. O sol não é percepção, o sol faz o amanhecer sofrer dentro de mim. O sol da consciência pesa como lágrima. A lágrima sabe por onde derramar seu ventre: na morte: no continuar a existir, com o horizonte a se aproximar de mim. Minha intuição não é mais cega: é a vida.