Cantar ausências para a alma desaparecer em um encanto: é como te ver sorrir estrelas. A ausência sem vida é amor. A ausência desaparece no aparecer do nada, se torna amanhecer no calor do nada. Falta muito ao nada, para ser nada. A ausência não pode criar o nada na vida. Apenas o ser é o nada. Nada justifica eu ser um ser em mim. O desaparecer não é ausente no desaparecer. O fim da ausência é morrer. Não morri por falta de vida, mas, por excesso de vida. O sonho não me traz de volta o passado, me torna eu em mim. Sorrir não é alegria, é perda não da alma, da alegria, perda da alma é alegria. A falta do amor não cessa a ausência. Reconheço a ausência como amor. Não tenho forças ausentes de ausência, mas tenho suporte de ausência. Não há períodos de ausências, há vida, ser de ausência. A ausência aceita sua vida ausente. Ausência faz cessar o amanhecer sem o meu desespero. As entranhas da ausência são bagaços da morte, sem fragmentos. Escuto os fragmentos da morte, no interior da alma. Nuvens de sol no sorrir do céu. A alma, entrevada no corpo, forma uma barreira protetora de imortalidade, onde não morri, nem mesmo em sonhos. É impossível ser o meu sonho comigo. Sonhar é a voz de Deus em mim, onde sinto apenas o som de amor. Nenhum som pode ser minha voz. Pertenço ao inexistente, como um sol que se expõe. Nada de sol no meu amor. O sol irradia a alma: sem amor a pele é o excesso de vida, que obstrui o coração na alma. O amor é apenas uma canção. O martírio de ouvir é o amor como canção.