Blog da Liz de Sá Cavalcante

Acordar do sonho

O outro me faz acordar do sonho. Ao tocar minha voz, perco a alma. Na voz não há existência. Não existo sem voz. Quando escrevo, a voz se torna única, toda minha. Meu pensamento é a escuridão da minha mente. Nada se aproxima da mente, por isso há pensamento: na inacessibilidade: o ser por ele mesmo. O acessível é sem ser: por isso, tem alma. O tocar investe na alma, deixando-a sem amor para captar a essência do amor na alma. Olho a alma e nada vejo: isso é ser feliz. A alma depende da minha alegria para viver. O instante é a alma partindo, se faz vida. A vida é encontrada na alma eternamente, sem eternidade, é buscar a alma sem encontrá-la. Dessa busca nasce eu para mim. Nascer é não ter alma. O instante, a vida, não se perdem na alma. O sol, a vida, deviam ser para todos. Acordar do sonho é alma. Vivi muito a alma, e nada de mim. Nuvens aliviam a escuridão da alma, não a faz ter sol, lhe propõe uma falsa luz: ela não está no imaginário, está dentro de mim.