Blog da Liz de Sá Cavalcante

Tentativas

A solidão é o porquê da alma, afasta todas as tentativas de viver. Viver é a sombra de Deus no nada do meu corpo, que devia ser a sombra de Deus. Encosto no nada para ver minha sombra. Sou inferior à sombra. Tentar fazer da sombra o meu ser é inatingível à falta de ser. Ser o que não se é é o sonho a se misturar comigo. O sonho é uma maneira de não demonstrar que estou viva. O exterior de mim é a alma sem solidão. Nada é sempre só, então não existe solidão. Alma é o contrário de solidão. Solidão é uma escolha. Camuflar a solidão é sem vida. Solidão é vida infinita. O tempo se escreve sem ideias. As ideias são fora do tempo. Apenas a morte é amante da existência, discordando com a vida. O sentir da existência é a morte. A alma não se vê: ver no outro a si mesma. Ver, palavra que não se define nem como alma. Falta nascer para a vida ser perfeita. Sem nem mesmo tentar não nascer. E, assim, o esquecimento se desfez em vida. O tempo não tem marcas da sua solidão. Não me deixe só, sem solidão. Solidão, cura de uma alma que nunca é só por sofrer. Sofrer é privilégio. Ver o azul do céu desaparecer no pensamento, como se tudo fosse estrelas. O céu brinca de ser o mundo. O mundo sem céu é a plenitude do nada, é a angústia sem a vida.