Blog da Liz de Sá Cavalcante

A razão é suficiente para morrer

A plenitude é um olhar assustador. Vida, me empresta tua vida? Preciso de vida, de ar. A alma são todos os corpos num único corpo. O olhar desmente a alma, que se esconde na vida. A imagem esconde o ser. A imagem não dá vontade de viver. Vou escrevendo minha imagem no meu esquecimento. O tempo descansa pela sua falta de imagem. A imagem não reflete outra imagem. Imagens são o interior do olhar. Se a razão for uma imagem, é suficiente para morrer. A alma é perfeita, ausente. Me despeço da alma, sem alma. A alma é a imagem da vida, do céu. Da vida no céu. A essência não é essência de si. Ela é a minha eternidade, sombra de um passado sem mortes. Morrer é captar a sombra na ausência. A ausência do corpo é sem sombras. Me deito na minha sombra para morrer. Até eu desaparecer como sombra, me tornar o sol, onde a minha ausência Deus, é o teu céu. O céu do teu amor por mim. Consigo ver minha vida apenas na ausência. Na solidão, acordo com a vida. Viver é solidão. Esquecer é falta de solidão. A solidão cessa o sofrer da vida, não o meu.