Se a alma se demorasse em mim, não seria alma. Ser ausente de tudo, até da inexistência: é despertar na morte. Sou eu na morte. O silêncio não silencia a alma. O mar é o pensar de Deus. O amor é ausência de mim. O amor é desmoronar e, mesmo assim, me assustar com minhas lágrimas: elas são tudo que sonho e necessito. A serenidade de morrer cria. Inquietude da vida. Morri no meu silêncio pleno de palavras. A alma existe em palavras. Não sei se eu suportaria viver como palavra, existir como palavra. A palavra precisa de um fim, eu não. Não compreendo as palavras no fim. Compreendo o meu fim em mim. Deixo o meu amor ser minha morte, o amor ressuscita as palavras. Não há fim no olhar. Imortal, o olhar não se encontra em sua existência. A alma não é saudade de viver. A alma sem saudade me aconselha a viver, amar. Deixo a alma pela saudade, pelo desconhecido. Convivo com o meu corpo no desconhecido da alma. Pelo corpo, eu desconheço a alma. Para me desfazer da alma, tive que renunciar a escuridão, como mãos que afundam sem flutuar em mim. O desconhecido não é mais um símbolo, é real pelo sonho de uma realidade.