Blog da Liz de Sá Cavalcante

A morte é união de almas

Ser é uma ausência que une as almas. Sou feita de várias almas e nenhum ser, por isso, estou viva pelo encanto da morte, que é uma vida sem frescura, regalias. Nada me impede de sofrer. Sofrer é como sempre há vida. A realização da morte é o ser se perder antes de morrer. Meu ser morre no meu eu, como se morresse no vazio. Meu eu se supõe profundo. A morte é a brisa do meu coração. O eu dos meus sonhos não é o eu real. O irreal sonha mais do que eu. Somos um único ser: o ser outro é a morte. A morte não existe em mim, nem no meu eu, mas continua sendo o meu fim. Não é o fim de ser só. A morte preenche o tempo na perda de si. Perdendo-se a morte, encontra-se em mar de afetos. Perdeu o perder, não se perdeu mais. O mar navega no sol, não nas suas águas. A perda do amanhecer é a alma. A falta de nascer da alma é a alma onde nasce a ilusão de existir. A guerra do meu corpo com a vida é a alma. Necessito morrer, pois existo além do sol, além dos arredores de mim, que não vão além de mim, mas são o além do além, onde Deus não está. Estudar a alma é nada aprender. A alma é nada aprender. Permanecer na ignorância é viver.