Blog da Liz de Sá Cavalcante

Ternura do mundo

Não há vida sem o teu ser. Nem mesmo um exército de sol diz adeus aos mortos, estão mais vivos do que eu. Falar é o intervalo entre o nada e a morte. Sem fala, sou inexistente, imortal, sendo a inexistência da morte, no nada da alma. Meu ser não quer amor, quer apenas ser consciência de algo: de ser talvez. A existência é a perfeição de Deus. Existir vai além de Deus? Não sei que o céu não pode ser revelado nunca. É como um segredo de alma. Sem alma, o céu é limpo de tristeza, se compromete com Deus. Deus é Deus nos outros. Todo Deus é o mesmo Deus. Toda vida é a mesma vida. É interessante sofrer. O mundo partiu sem Deus. Nada de ser é subjetivo nem objetivo: o ser é onde a vida se esconde do ser. Se esconder é vida expondo a morte diante dos seus olhos: para nada lhe faltar. A falta faltou como eu me falto. A alma não diminui o ser, aumenta-o, acrescenta-o. Nada se leva do céu. Eu preciso de vida, de céu, nas faltas de mim. Não há falta maior que ter a mim.