Quem pode saber o que vivi? Nem eu mesma sei. O mundo é a memória de Deus sem a vida: a memória pura. Morri em uma estrela a brilhar, como contemplação do tempo. Admiro o nada no tempo eterno. Um sopro de luz no meu olhar. Estou livre da luz do meu olhar. Nada na minha lembrança sou eu. Minhas lembranças são amor. Amor é saudade da vida: é viver com saudade de viver. Os acontecimentos reais da vida são mais essenciais do que a ilusão da existência do ser? O ser é fuga da vida. Porque o adeus sobrevive ao fim, e a morte não sobrevive? O adeus é a eternidade do amor ao sofrer? O amor do sofrer eterno cessa o eterno em mim. Nada torna o hoje, o amanhã. Pensar não diz adeus, mas pensa no adeus, como se eu fosse a dor do mundo.
