Nada é visível no amor, lhe dou minha visibilidade. A vida é apenas o começo de mim. A alma é um utensílio. Melhorei de sofrer na alma. Não dá para situar a visão no pensamento. O nada inesquecível é esquecido no meu abraço. Ao abraçar o nada, é o nada que se lembra de mim. Sinto o nada no meu esquecimento como um novo sol, uma nova vida. O nada reanima a alma. Ela se sente viver no nada. O silêncio não é o nada. O silêncio é vida, é ser. Não sei o que fazer na presença do silêncio. Renuncio ao silêncio no silêncio. Deixo as palavras, não vou acordar desse silêncio. A ponderação do silêncio são palavras. Não estou em mim, estou no silêncio. A aparência é o silêncio. Silêncio mata: é tudo ou nada. O silêncio é o não sofrer: é a determinação de viver. Não há voz na consciência. O tempo é a consciência e o fim do nada. Pelo nada, viveria tudo outra vez. A fé da vida é a morte. O bem e a alegria são o vazio de morrer só. Sem bondade a pessoa não morre, implora para morrer na escuridão da alma. A alma é pouco para morrer. A morte é a metáfora da vida. No nada do nada não há liberdade, tudo é puro ar: por isso, sou feliz no nada. Não há nada sem alma. O ser desaparece, as cinzas e as estrelas nunca desaparecem. Meus olhos deliram de alma. O silêncio é a lucidez. Meus olhos falam e se contraem em vida. Minha ausência não me faz viver. Aperto a morte no vazio de mim para deixar o sofrer em paz, como um pedaço da lua na alma. O dia é a lua a se transformar na saudade de amar. A eternidade não ama. Deus ama. Me defendo do tempo com a morte. A morte me faz ser, mas meu ser não é morte, por isso, tenho saudades de morrer. Quem se sente não precisa morrer.