Blog da Liz de Sá Cavalcante

Ainda estou aqui (para pai)

O que está unido no amor, no ser, no mundo, no céu e é onde ainda estou aqui: na morte, na vida, no que vier, no que não vier, é a mesma sombra de adeus, ternura de reencontros: é o meu eu em mim. A morte obedece à vida, é escrava da vida. Dessa escravidão nasceu a liberdade: nasceu Deus. A razão, inexistência de tudo. No amor não há inexistência. A inexistência é o silêncio que não posso ocultar, ser a inexistência. Não posso ser a inexistência. O meu amor, inexistência da vida. Pulsos de alma, cortados com amor. A igualdade do agora e do passado, do ser e o nada, é o amor. O amor não pode ser amado. Nada morre em si. Morre no outro. Como receber do outro sua morte? Ninguém sabe o que significa morrer, nem a própria morte. Na morte, como a falta do adeus a mim. A alma não conhece minha dor, me conhece melhor do que eu: me vê feliz. A alegria é um pedaço do céu, que Deus guarda para mim. Mas o céu, não tem o teu sorrir. Ainda estou aqui na morte, onde não pode me encontrar, mas pode sorrir como se fosse eu. Sou um pouco você. Sou você.