Blog da Liz de Sá Cavalcante

O infinito da alma

Me sentir só é me sentir na imensidão do infinito. O infinito da alma é minha morte: deveria ser minha vida. A vida é o que restou deste partir e desse ficar. Partir e ficar não são vidas. Partir e ficar é a estagnação do meu ser. Uma estagnação por uma vida inexistente. A memória é um papel em branco, que tenho que preencher com ou sem vivências. Lembrar é o fim de ser triste. Não há o que lembrar: então sonho com o sonho. O sonho é a realidade transformada em mim. Faço o que for preciso para ser eu sempre. Desisti da vida antes de desistir. A vida não se vê. A vida vive à toa. Se Deus fez a vida, deve ter algo de bom na vida. Pelo espelho, não vejo minha tristeza. Minha imagem é triste, ainda mais triste ao se ver. Eu nasci para nascer cada vez que não me vejo. Varrer o chão da vida para sentir teus rastros. Rastros do sol na minha inexistência. Não sinto falta do amanhecer, como sinto falta de mim: essa é a minha inexistência.