Blog da Liz de Sá Cavalcante

Tristeza é morte

Não há nada entre a alma ou o adeus, há apenas silêncio. O silêncio não é alma, não é adeus. Silêncio é o não ser no ser fictício. O não ser não é triste como eu. A tarefa de viver não se realiza como morte. O sopro do mar destrói o mar. E me embrulha de mar. O mar sobe como um sopro de escuridão no meu olhar. Não há como não se encantar com o fim, que nada diz, tudo sabe. As minhas mãos, fim do meu corpo. O mundo, a poesia, não se importam com minhas mãos separadas do corpo, da alma. A morte é incondicional. Lavo a minha alma com a morte. Não reconheço a morte na morte, mas na minha alma. É um choque vê que a morte se vê. A morte é intermediária na morte. É tanta morte, melhor não viver. A vida é o passado. Há vidas sem o passado. Minhas mãos se unem ao corpo, na minha morte, no soar de uma poesia. Assim, não se separam da vida. O corpo deixa a alma vazia, no céu sente falta do conforto vazio. Das tuas mãos nas minhas como uma voz na distância de nós.