Blog da Liz de Sá Cavalcante

Mágoas de luz

A compreensão é infinita em mágoas de luz, como o resplandecer do nada, que se prostrado ao sol, tem a minha essência. E, assim, tornou vida, não uma vida particular, mas a vida de cada um. Escrever é a inexatidão da vida na exatidão do mundo. Exatidão e inexatidão se completam, como a alma e a sede, sem sede de alma. A sede de alma é a morte na vida. O tempo morre em mim. Canções são a permanência da vida. Canção e poesias são formas de não me esquecer da vida. Se a vida fosse eu, de que adiantaria viver? A vida existe na solidão? Solidão é ter a vida em mim. A solidão se fez ser. O outro é um ser, apenas em mim. Nada lembro do sentir. Mas não sinto o esquecer. O vazio é a minha imagem em mim: é apenas o espelho. O céu é a imagem de Deus. Fazer do espelho minha imagem apenas, não o que vejo em mim, é tornar minha imagem sua. O olhar é outra imagem que destrói a imagem real, distorcida em fragmentos. Mágoas de luz é a ausência, a perda de mim na imagem, mas não perderei a imagem de Deus em mim. Perder a imagem para o nada é como ter Deus. A imagem não é a falta de Deus, é o que nós fizemos de Deus. Até que, de tanto tentar ter Deus, morremos. Nunca saberemos que bastava seu amor.