Blog da Liz de Sá Cavalcante

Luz cega

A luz cega sem luz. Seu não ver é sua luz. A luz não tem alma. A palidez da luz pelos instantes não perdidos é o recomeço do nada, no adeus sem luz. Ser, não ser, é a mesma luz, definida como tristeza. A ambição de ver, ser não evolui o meu eu. Ver é triste como é sublime. Nada! Tudo se vê na essência do nada. Ver é a escuta. Ver é a escuta interior. A morte se torna comum, banal. Ficar é não sofrer por quem morreu? Como sei que sofro? Parte de mim é saudade do inexistente. O inexistente me faz sofrer sem morte. A luz cega me ilumina. Faz que o nada não viva em mim, viva por mim. Enlouquecendo estou salva de mim. Quando o corpo não necessita da alma, preciso me agredir pela falta que faço a mim, é porque existo. A luz cega é o que me une a mim, me protege mesmo vendo e amando a inexistência, como um último sol, última esperança. Mas ainda há a esperança de me ver sem meu sofrer.