Blog da Liz de Sá Cavalcante

O sol dura o tempo de ser feliz

Cinzas ao sol, a essa possibilidade de voltar sem vida. Morrer concretamente é a vida sem voltas: é viver! Limpar a morte, na escuridão, como salvação do meu sofrer, da minha agonia agonizante. O sol é uma agonia. O sonho é a exaustão do pensamento. O que tem que doer, que doa na profundidade de ser feliz, como um pensar bem-vindo nas entranhas do amor, descobre a função da dor. Sorrir ao sofrer é ter alma. Alma é uma dor que não passa, é uma resignação. Eu quis sofrer. Quis viver. O sol é o saber de Deus. Quando escurece, o sol descansa em mim. As cinzas são levadas no sol para a eternidade. Apenas a morte resgata minhas faltas. Sei que vou morrer como sol: em absoluto abandono. A morte não é cruel, é um paliativo para a vida, mas não a cura, apenas a ama. O amor não pode me fazer viver. Estou trancada em mim. A morte é o recomeço do sol sem as cinzas, sem a miséria do pensar. Eu não sei nadar em meus olhos, que é toda profundidade da vida, nado no vazio da vida. Sem o será da vida tudo seria determinado por Deus.