Blog da Liz de Sá Cavalcante

Formar o nada

Cavar minha alma para eu vê-la no fundo do nada, para formar o nada. Quero morrer sem o fundo, raso de vida: não estou mais só em mim. Lágrimas de luz dão-se ao nada, com a certeza de não sofrer, de ser esse ser no nada do não sofrer. O nada eterniza a vida no nada de si, para não sofrer. Me eternizo no nada para ser, para sofrer em paz. Mas o que se eterniza é o meu fim. Fico sem o nada: fico vazia. Quero estar contigo no meu nada, ele não deixa. O nada sacode o vento como uma melodia que não cabe na poesia do vento.