Blog da Liz de Sá Cavalcante

Extravasar a alma (transbordar, derramar)

O silêncio se derrama nas palavras, sem que a alma transborde como a imensidão dividida entre mim e o meu amor, que sinto como sendo eu. Tudo vivo em palavras. Não existe vida sem palavras, existe vida sem convivência. Palavras são as estrelas do céu. Nada na palavra se pronuncia sem o céu. O céu é visão da vida. Lembro de mim ao viver. A vida é a essência de cada um, nos torna todos em um único ser. A vida nos torna ela mesma. Há mágoas que são vidas. Sonhar é lembrar para esquecer. A alegria é nada lembrar ou esquecer. Meu corpo, meu rosto, não fazem me lembrar de mim. O que mudaria se eu lembrar de mim? Nada. Nada muda, nada está como está: no corpo apenas. Não sou mais do que um corpo. A alma é o sempre do corpo, de mim. O novo horizonte no meu corpo não precisa refletir, sendo a alma no meu corpo. Alma na alma, no meu corpo pleno. Amar a alma é não ter corpo, nem alma, ter apenas amor. Pele é alma. O amanhecer é incompleto. O outro sou eu no amor que sinto. Amor é sem adeus. A alma estabiliza o ser. O ser é a alma que se fez só: em Deus. A imagem da morte jamais será Deus. A morte sem imagem é a falta do meu olhar, da minha alma.