Blog da Liz de Sá Cavalcante

Saber viver?

Saber viver é inconsciência do existir. O nada, consciência de viver, não sabe viver. Viver é para poucos. Nada se modifica no nada. O tempo modifica a vida, não o ser, a alma. O que fica na alma é um sopro sem vida. Para que alma? Para um sopro sem vida. São tantas coisas perdidas em mim, não sei mais o que tenho na alma, em mim. O sol não me desperta, me faz viver. O amor nem sempre é bom. O olhar deduz a realidade sem nunca vê-la, e se satisfaz em não vê-la. Não se satisfaria em vê-la. Um único raio de sol é uma clausura na alma. Eu não tenho o sol em mim, e amanheço. O sol é a morte de um olhar. Vou o mais longe que puder de mim, para não ver a morte do meu olhar, deixá-la sem mim, em mim. O fogo da vida é alto no olhar. A vida existe apenas no olhar, na destruição, sem o fogo da vida. A vida são ecos de um pesadelo, não quero acordar como um eco vazio de mim. Quero ser a voz que me falta. Ser a voz que me falta, é minha alma. Quero ser a sombra da minha voz, no silêncio da alma. A lembrança é o vulto da sombra do silêncio. Até embranquecer o olhar de paz. E a paz fugir no branco céu. Não sei o que é céu e o que é amor. Sei que me sinto emocionalmente distante de mim. A morte diferencia o ser do não ser, como sendo uma coisa só: por isso, a morte se perde em mim.