Blog da Liz de Sá Cavalcante

O silêncio do silêncio

O silêncio do silêncio é a imagem de Deus. A margem do silêncio são as palavras. Não sei mais as palavras: me sinto em palavras. Mas não sinto o seu fim: a poesia. Como traduzir a alma como palavra? Seria o fim da alma e o nascer da poesia, onde a ausência inexistente pousa na minha alma, sendo alma da alma. A alma só não se revela só. Espera tanto de mim a alma. Não espero nada de mim. Espero da alma, do sorrir da vida. Vida, nunca será alma. Eu fui tua alma, solidão, me encontrei em ser tua alma, não posso ser sua poesia. Poesia é minha única essência, meu calvário. Olhos são o nada que vê a vida: torna a vida meus olhos. Meus olhos silenciam a alma e expandem meu interior. Meus olhos são meus sonhos: me inspira a ver o que não vejo, que era para eu ver. Depende da minha vida vê-la mesmo sem vê-la inteiramente, um pouco de vida me faria ver quem sou, viver. Apenas a imaginação me faz ver, apenas a imaginação respira por mim. Me vê como sou. O silêncio é o respirar ausente de mim. Não preciso viver, se posso me imaginar na despedida do fim, que é o fim.