A alma treme por não morrer. Tenta nascer meu corpo pelo tremor da alma em viver. Nas minhas mãos, minha morte com a voracidade da alma em apagar o que eu escrevi, para morrer em paz. Vou aprender a ser eu com a morte. O que pode acontecer comigo, que não seja eu? Nada. Com o que me preocupar? A inexistência preocupa-se por mim. O meu suspirar fala, minha alma murmurante tenta suspirar e consegue apenas a eternidade, sem um único suspiro: seria a falta de eternidade. Assim escuto a voz de Deus, sem eternidade, apenas eu, a solidão e Deus a falar com o silêncio da vida. O meu ar envolve-me de amor. Incorporo o amor ao respirar. Viver é a única maneira de sentir o amor. Esvaziar-me é morrer, que preciso para pensar. Não vou mais procurar a morte. Vou ser a morte que falta no meu respirar. Amo o meu respirar, pois é a falta de mim. Meu ar é o mundo a expandir-se. Apenas respiro. Minha vida é apenas respirar. O que houve com a alma para ver-me depois de apagar o fogo da minha solidão? A solidão faz bem à alma. Capturar a alma como sagrada é solitário, triste. De alma, vivo por acomodada que me tornei. Sonhar é o tempo perdido, tão amado por mim e, ao mesmo tempo, eterno em mim. Escutar minha consciência no tempo perdido é saudade. O amor precisa de mim mais do que eu: eu o faço existir todos os dias. Existir é Deus a tocar-me. Tocar, expondo-me ao intocável de mim. Não sei o que a morte terá de mim. Ela nada terá de mim, mesmo comigo morta.