Blog da Liz de Sá Cavalcante

Para não sentir

Para não sentir o silêncio, sofro em silêncio. Escuto o voar dos pássaros na distância de mim, como se eu fosse a fluidez da morte, a sorrir como o amanhecer. Amanhecer é para ser o começo de viver. Eu não perco o amanhecer com a morte. O olhar é o erro de ser. Não conheço meu olhar. Eu sou eu pelo meu corpo ou por boiar na ausência, no infinito? O corpo não é bom para ele mesmo. É bom para mim, me faz não ser eu, me sentindo eu. A alma é o mal-estar da vida. O desejo de ter um corpo é minha morte, minha liberdade. Para não sentir a liberdade, me imagino livre. Alma é medo do nada.