Tenho pena de quem não ama: por isso me desprendi da morte, me rendi à vida, mesmo a morrer. Isenta de sonhos, morri sem sonhos. Minha alma é eterna no amor de quem ama. É impossível amar sem sonhar. O céu lembra os amores impossíveis, o amor perdido, o amor reconciliador, o amor que condena, o amor que sofre, que se condena. Não se pode perder o amor, por mais imperfeito que seja, torna o céu mais lindo, perfeito. Sinto falta do céu, no desprendimento da morte. Entre mim e a morte não há mais nada, apenas silêncio e saudade da morte, de morrer. Toma meu corpo, morte: sempre foi teu. A falta de sorrir é a alma no céu. A morte é sorrir eterno. Nada impede o sorrir de viver. Não pergunto por mim, pela existência das coisas, pergunto pelo céu, pelas estrelas, no que posso fazer pelo céu. Entrei no céu em poesias para penetrar em pensamentos do céu. Sem o céu as estrelas não ficam perdidas, são o amor que eu tive um dia. O que me falta me preenche de estrelas, longe do sofrer. Se eu perder a falta, perco tudo. O céu é pouco para Deus. O tempo é o ficar do vento, sem realidade, sem liberdade. Fica em mim, tempo, como meu único pensar, para eu compreender a eternidade pelo sorrir de quem me ama. Viver ou não é sempre o mesmo amor o que sentem por mim, onde não há esquecimento. O sorrir é a lembrança eterna que a morte destruiu. Até tenta sorrir, como se fosse uma lembrança para toda sua morte. A falta é uma lembrança interior que dura um único suspiro. Se o interior são apenas faltas, como não necessito do exterior? Existe mundo interior? O que importa é que existe céu, onde o interior e o exterior não existem mais. Mas existe morte, existe Deus.