Contemplo a renúncia como um sol que partiu do mundo, da vida, sem saudade do amanhecer. Partiu ao ficar. Se eu me perder, terei os meus fragmentos de volta. Renunciar é negar a alma. Tem sorrisos escondidos na alma que me tornam eu. O que vi em mim sem mim? Vejo-me sem mim. Como a alma se vê? Como eu a sonho. Não sei se vou ficar muito tempo na alma: se dependesse de mim, nunca mais retorno, nunca mais fico comigo. Fico apenas na alma, esperando o fim ou o começo de mim, mas que exista vida, entre a luz e o fogo da solidão. Entre a água e o fogo do amor a vida é eterna. A eternidade é a imagem do fim. O fim persegue o nada. O nada sai do fim, o fim sai do nada. E o céu transborda emoções. O fim da alma é o céu.