Blog da Liz de Sá Cavalcante

Conversar em sonhos

A aparência é um sonho, converso em sonhos com minha aparência, para ser invisível, na visibilidade do sonho. Tudo vejo no indefinido sem o olhar. A aparência do morrer é a vida do nada. Não conheço minha dor: a sinto. A dor se vê. Se vê sem mim. Não me sinto. A inspiração é o meu céu. O sonho é o fim do céu. O significante é o céu, onde não precisa de significado. A consciência é fora da realidade. Consciência e razão são diferentes: apenas a inconsciência os torna iguais. Sonhar é a consciência de Deus fora da minha alma. A consciência é a falta de amor como amor. O amor é a verdade do ser. Desatar a alma do coração com mãos de poesia. Saudade, alma triste, que se inclui só. A saudade afrouxa a alma lhe dando um nó. O desespero se aperta em alma. Sufocado, o desespero ama se apertando, ainda mais pensando ser isso viver. Ninguém encontra os espaços vazios, não existe o vazio, existe o ser. Nada é vazio, apenas o ser é. Tudo importa no vazio ou sem vazio. Mas eu não me importo comigo. O vazio é a alma, a se perdoar por não existir. Eu existo pela alma. O vazio se penetra sem pele, na pele. Mas o vazio nunca será o mundo. O mundo não se mistura com o ser, o mundo é pleno, como o morrer da saudade. Deixo a saudade viver num mundo incompleto, com fim, triste, por isso perfeito. Não aceito sua perfeição. O fim é mais perfeito do que a alma, do que o amor. Conversar em sonhos no meu fim, é uma forma de me dar a mim. O corpo resiste ao nada, morre como nada. Se eu tivesse convivido com meu corpo… agora é tarde, sempre é tarde demais. Pensar não é uma recaída rumo ao meu ser, mas uma despedida ilusória do vazio, onde morri no silêncio externo do mundo. E, assim, meu pensamento se fez vida que tive. Tudo foi descoberto sem realidade: amor, amor, amor…